MALANDROS(AS)

De tanto que somos marginalizados por aqueles que deveriam nos prestar reverências ou mesmo respeito por estarmos tão próximos para o que der e vier. Nós, os malandros Astra, fomos confundidos com os marginais do além.
Para quem ainda não entendeu, os Zés da Umbanda são espíritos comuns a cada um de vocês. Humanos por natureza, errantes, com defeitos e virtudes que, na bondade do Criador, podemos interagir com nossos companheiros encarnados a fim de, na troca de experiências, agregarem luz e evolução na história de cada um.
Zé Pelintra, Zé Navalha, Zé da Faca e tantos outros Zés formam esta corrente ou Linha de trabalho que chamamos de Linha de Malandros. Entre acertos e erros, contradições e tradições, fomos sendo aceitos, percebidos e procurados.
Engana-se aquele que pensa que surgimos do nada ou para nada. Não, não. Já bem antes da Umbanda, estávamos comandando o catimbó. Muitos ainda estão. Diria que esta é a nossa origem, mas como afirmar a origem de algo que não é original? Pois é, somos o retrato da miscigenação racial e cultural que impera em todos os cantos deste Brasil, terra de Deus!
Somos aclamados como doutores, curadores, conselheiros, defensores das mulheres e dos pobres. Por outro lado, somos também rechaçados e exterminados na consciência de alguns que insistem em nos colocar no patamar dos demônios e espíritos viciados e aloprados. Ora, este que nos maldiz é aquele mesmo que nada entendeu sobre Deus e seu amor na sua criação!
Por fim, camarada, tenha em mente que estamos aqui para ajudar a quem queira. Defendemos, sim, os mais pobres e sofredores, pois sabemos o que é a dor da fome e da perdição. Secaremos sempre a lágrima dos que sofrem, e isso basta.
Dentro do meu chapéu, levo o meu mistério; na fumaça de meu charuto, transporto minha magia; na gargalhada, encanto o meu povo; no meu terno branco, reflito o que sou; e na minha gravata vermelha, quebro o mau-olhado na força de Ogum. Para aqueles que nos abrem alas, obrigado!
E as Malandras, ah, essas companheiras de luz e alegria, vão além da elegância e do charme que carregam. Elas representam a força e a coragem feminina na linha da malandragem. Maria Navalha, Maria do Morro, Rosa da Noite e tantas outras carregam em si o poder de acolher, proteger e guiar com doçura e firmeza. Com seus vestidos estampados, flores nos cabelos e um sorriso que desafia as adversidades, elas também trazem a cura, a magia e o conselho certo na hora exata.
Enquanto os Malandros empunham a navalha e o chapéu como símbolos de defesa e proteção, as Malandras conduzem o perfume da graça e a força de uma risada que desarma qualquer mal. Juntas, as linhas de Malandros e Malandras mostram que a justiça divina é inclusiva e trabalha pela evolução de todos.
Salve a Malandragem, salve as Malandras! Que sempre possamos abrir caminho com fé, coragem e alegria
Saudação: Salve a Malandragem
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